terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Matéria - Concursos públicos


Matéria feita por mim para a Revista Young.

Foco na carreira pública

Passar em um concurso público é o sonho de muita gente. Confira as dicas de quem já venceu esse desafio

Estabilidade no emprego, bons salários e segurança para planejar o futuro são os três pilares fundamentais que atraem profissionais de todas as idades para os concursos públicos. Apesar da dificuldade para passar em algumas provas, verdadeiros “vestibulares”, a dedicação e a disciplina nos estudos costumam compensar. “Mas é preciso ter em mente que a carreira pública é uma projeto de vida de médio a longo prazo. Mesmo após a aprovação, não é daqui uma semana ou um mês que você começará a receber seu salário. O tempo para ser chamado pode demorar de seis meses a dois anos”, explica José Luis Baubeta, diretor de RH da Central de Concursos.
Às vezes, esse tempo é ainda maior, como aconteceu com Karine Zinn Ribeiro, assistente administrativa da CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul: “Prestei o concurso em 2005 e comecei a trabalhar em fevereiro deste ano. Com certeza, já tinha perdido a esperança de ser chamada”, conta Karine, que passou no primeiro concurso que prestou.
O lado bom é que enquanto você se prepara para o concurso que tem em mente, ou espera ser chamado após aprovação, pode prestar outros em busca de remuneração maior. “Cerca de 80 a 90% das disciplinas de todas as provas são idênticas, assim, ao estudar para um concurso, você está estudando para outros também”, afirma José Luis.
Para prestar as provas, não há limite mínimo ou máximo de idade, mas é necessário ter 18 anos completos na data em que você tomar posse do cargo e a aposentadoria compulsória ocorre aos 70 anos. É bom lembrar ainda que em algumas carreiras é necessário ser aprovado também em provas de aptidão técnica e avaliação psicológica, e em qualquer caso a estabilidade no emprego só acontece após três anos na função. Em média, os valores de inscrição para cargos de nível médio ficam entre R$ 30 e 40 reais e para os cargos de nível superior, entre R$ 60 e 80 reais.

Os dois lados da moeda

Além da estabilidade e do salário, muitas pessoas veem ainda a carreira pública como uma forma de servir ao país, como é o caso de Marcelo Hiramatsu Azevedo, analista do Banco Central do Brasil: “Não via possibilidades em ser empreendedor nem tinha perfil para trabalhar na área privada. No caso do Banco Central, quem não gostaria de trabalhar em uma instituição de excelência e que, ao defender nossa moeda com sucesso há quinze anos, possibilitou aos brasileiros voltar a planejar a vida com uma inflação em patamares civilizados?”.
Conhecer a administração pública pelo lado de dentro, e não apenas como contribuinte, e desmistificar a visão de que funcionário público não trabalha também são pontos positivos na visão de Andrezza Karina Domingues, diretora da divisão de desenvolvimento e capacitação de recursos humanos da Secretaria Municipal de Finanças, da Prefeitura de São Paulo. “Como em qualquer empresa há os que ‘vestem a camisa’ e os que apenas esperam ‘o final do mês para receber seu pagamento’”, diz. “A maior desvantagem, no entanto, é a burocracia, pois como lidamos com dinheiro público, as contratações de serviços seguem um modelo de licitação que às vezes é demorado. Há também a questão de não poder contratar alguém que você gostaria para trabalhar, porque é necessário prestar o concurso”, completa.
Visão semelhante é compartilhada por Eduardo Duarte, formado em Geografia e servidor do Ministério Público do Estado do Acre: “A máxima de que funcionário público é acomodado não reflete bem o que acontece, pelo menos na instituição com a qual tenho vínculo. As desvantagens estão relacionadas ao joguete político que ocorre dentro do governo, vendo pessoas ascendendo e sendo nomeadas conforme as forças políticas predominantes, além de questões trabalhistas, como reajustes salariais”.
A remuneração, que atrai muitas pessoas inicialmente, pode se tornar uma desvantagem para os cargos mais altos, pois os salários não são reajustados da mesma forma que na iniciativa privada, porém a estabilidade no emprego pode compensar.

Dicas para passar nos concursos

“Paraquedistas não têm a mínima chance”, afirma categoricamente Vânia Ferreira Campos, analista da Caixa Econômica Federal. “Prepare-se bem, estudando em casa e, se possível, fazendo um curso de boa qualidade. A chance de êxito está diretamente ligada ao empenho dedicado”, completa Vânia, que estudou por 6 meses, cerca de 4 horas por dia em cursinhos preparatórios.
Essa também é a opinião de Eduardo, que reforça a importância de desenvolver uma rotina de estudos: “É preciso focar no que você quer e começar a estudar, não adianta ler uma página de internet com editais abertos e escolher: ‘vou fazer este!’ Você não terá tempo hábil para estudar, então escolha um cargo que você tenha vocação e comece a estudar agora para esse concurso, mesmo que o edital só abra daqui a dois ou três anos”. No entanto, Eduardo lembra que ninguém deve se “isolar do mundo” para se dedicar aos concursos: “Não é bom perder sono ou esquecer a vida social, é perfeitamente possível ser aprovado com menos sacrifício”.
Ter um planejamento de longo prazo é fundamental ainda para que você tenha uma reserva financeira para investir nos estudos, como fez Marcelo: “No começo, fiz os cursinhos que ofereciam todas as matérias e, na iminência do Edital, módulos específicos em cursinhos mais caros, além de comprar muitos livros. Não foi um investimento barato”, relembra.
Além do tempo e investimento nos estudo, Marcelo aponta ainda outros fatores que devem ser levados em conta ao prestar um concurso: “Não tema a probabilidade. Já em 1999, os concursos eram tão concorridos que a relação candidato/vaga do primeiro concurso que prestei chegava quase a quatro dígitos. A tendência é que o número de concorrentes cresça ainda mais, portanto torna-se cada vez mais importante ter um planejamento sólido e um estudo com qualidade. Além disso, não é uma questão de inteligência passar em um concurso público. É uma questão de prática, insistência e, principalmente, disciplina”.
Na opinião de Andrezza, as provas estão exigindo mais conhecimentos dos candidatos também: “Na época em que passei, há sete anos, achei a prova muito fácil, mas no ano passado houve novamente o mesmo concurso e estava bem mais difícil. Hoje acho importante perceber quais são suas maiores dificuldades e procurar um cursinho para ajudar a estudar, pois os professores têm uma maior noção do que realmente cai na prova”.

Passo a passo para a aprovação

Confira mais dicas de José Luis Baubeta, da Central de Concursos, e dos entrevistados acima, que passaram em diferentes concursos públicos:

- Pesquise as áreas que você tem interesse em prestar concurso e fique de olho nas matérias exigidas
- Converse com quem já passou nas provas e trabalha na área para tirar suas dúvidas e avaliar se você realmente gostaria de trabalhar numa empresa pública
- Fique de olho nos editais e prazos. Não espere o edital ser aberto para começar a estudar.
- Estabeleça uma rotina de estudos.
- Avalie o custo/benefício. Nem sempre vale a pena viajar para prestar provas em outros estados.
- Não peça demissão para se dedicar exclusivamente aos estudos. Você pode demorar para passar ou para ser chamado, e o salário pode fazer falta.
- Não desista nas primeiras tentativas fracassadas. Faça do concurso um projeto de vida de médio a longo prazo.

Serviço:
Central de Concursos
www. centraldeconcursos.com.br
Tel.: (11) 3017-8800