terça-feira, 18 de junho de 2013

Por que (ainda) não fui às manifestações em São Paulo?

Até ontem estava quieta, mas agora senti a necessidade de me expressar e, provavelmente, polemizar ainda mais. Sou favorável às manifestações sem vandalismo, como esta mais recente em SP, porém sou extremamente cética. Para acreditar que o Brasil, de fato, "acordou", queria ter certeza também de que, entre os milhares de manifestantes ao redor do país, incluindo muitos amigos, não estão incluídas também muitas pessoas que:

- jogam lixo no chão
- picham os muros da cidade sem qualquer ligação com os protestos
- empurram para entrar no metrô
- votam nos mesmos políticos de sempre ou, pior, votam em "coisas" como Tiririca, Netinho, Clodovil... num suposto ato de protesto, se esquecendo de que eles também vão ter os mesmos salários dos demais e estão, geralmente, despreparados para as funções que deveriam exercer
- em vez de lutar pela melhora efetiva do ensino público simplesmente colocam os filhos numa escola particular porque "é importante passar no vestibular"
- usam o carro para ir até a padaria da esquina, contribuindo para o aumento da poluição e do trânsito, param em fila dupla, dirigem após beber...
- reclamam de 20 centavos, mas não se importam de pagar 500, 600 reais para ver um show de 2 horas de algum artista estrangeiro
- trocam de celular a cada 6 meses, gerando lixo eletrônico e contribuindo para que os preços dos lançamentos estejam sempre nas alturas (já que o pessoal compra...)
- dizem que não tem tempo para ler e estudar, mas não perdem um capítulo da novela ou do Big Brother
- gastam tudo o que tem e até fazem dívidas para ir ao Japão ver um jogo de futebol (e do Corinthians ainda por cima rs)
- como postei ontem, daqui a pouco estarão torcendo para o Brasil ganhar a Copa das Confederações e depois a Copa do Mundo, se esquecendo de que, além dos R$ 0,20, um dos motivos dos protestos são os investimentos absurdos nos estádios, e não em escolas, hospitais, transporte...
- agridem ou até matam outras pessoas por serem "diferentes" delas, um porque é punk, o outro porque é skinhead, o outro porque é gay, o outro porque é índio...

Enfim, acho que ontem foi importante, histórico talvez, mas só temo que, em vez de ter "acordado", o Brasil simplesmente caia num novo sonho de que basta juntar alguns milhares de pessoas em algumas cidades do país durante alguns dias e tudo vai se resolver. Há ainda quase 200 milhões de pessoas para serem convencidas da necessidade de protestos (sem vandalismo) e mudanças. Vamos mudar de fato, incluindo atitudes simples que qualquer um pode fazer?