Darei prosseguimento ao tema que
abordei no texto anterior sobre cursos online, e agora com mais conhecimento de
causa, pois estou fazendo um desses cursos gratuitos com duração de cinco
semanas da University of Edinburgh sobre E-learning e culturas
digitais.
O curioso é que é
um MOOC – Massive Open Online Course, com milhares de alunos inscritos,
literalmente. Quando você é apenas mais um entre milhares de estudantes e,
evidentemente, nenhum tutor online ficará a sua disposição o tempo todo, as
características que mencionei no texto anterior se tornam ainda mais
necessárias: é preciso muita disciplina, organização do tempo e automotivação
para ler os textos indicados, ver os trechos de filmes sugeridos, participar dos
fóruns de discussão ou ao menos postar algo no Twitter, Facebook, blogs etc. e
não parar no meio do curso, já que não haverá ninguém “cobrando” e muitas
atividades nem mesmo “valem nota”.
Confesso que não
ando escrevendo muito sobre os temas e nem dou conta de ler tudo o que os
colegas postam diariamente, é claro, seria quase impossível acompanhar tudo,
ainda mais considerando que o curso oferece inúmeros canais nas redes sociais.
Aqui entra outra característica essencial, não apenas para acompanhar um curso
online, mas para estar preparado para lidar com a quantidade de informação cada
vez maior que recebemos diariamente: ter discernimento para saber separar o que
é essencial daquilo que é descartável ou que, ao menos, pode ficar para
depois.
A sensação que eu e
muitos outros alunos tivemos na primeira semana do curso era de “overwhelming”,
de que seria impossível dar conta de tudo, mas a partir da segunda semana ficou
claro, ao menos para mim, que não é esperado que se acompanhe absolutamente
tudo, mas sim que cada aluno absorva o que for relevante para ele ou
ela.
Assim é também com
nossos alunos, mesmo num ambiente “físico”. Sabemos que dificilmente eles
absorverão tudo o que tentamos passar, mas é importante orientá-los para que
saibam distinguir o que é essencial para eles no momento e como manter a
motivação, a disciplina e a organização do tempo para estudar fora da sala de
aula, já que todos sabemos que com 1 ou 2 horas de aula por semana, os
progressos serão inevitavelmente lentos.
Entre os temas
abordados pelo curso até agora está a discussão sobre nativos digitais e
imigrantes digitais, que acredito que muitos já tenham lido a respeito. Como
motivar os alunos dessas novas gerações, que já nascem rodeados de gadgets
digitais? Uma aula “tradicional” ainda consegue atrair a atenção
deles?
Por outro lado,
discutiu-se também a necessidade humana de “contato”, o que explicaria uma maior
taxa de desistência nos cursos meramente online, mesmo os que utilizam inúmeros
recursos tecnológicos, como vídeos, áudio e outras ferramentas. Ou seja,
conhecer tecnologia e saber aplicá-la em aula é essencial para o professor hoje
em dia, mas não é tudo, o “rapport” com os alunos ainda tem papel decisivo
também.
Para saber
mais: Daniel, J. (2002).
Technology is the Answer: What was the Question? http://portal.unesco.org/education/en/ev.php-URL_ID=5909&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html
Prensky, M. (2001).
Digital Natives, Digital Immigrants. http://www.marcprensky.com/writing/prensky%20-%20digital%20natives,%20digital%20immigrants%20-%20part1.pdf
Monke, L (2004)
The Human Touch, EducationNext - http://educationnext.org/thehumantouch