quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Entrevista Mario Sergio Cortella

Ótima dica de leitura enviada por minha colega Adriana Alves:
Entrevista sobre educação com Mario Sergio Cortella, publicada no site Educar para Crescer:

1 - Quais são os principais problemas da Educação no Brasil?
Mario Segio Cortella:
Temos quatro problemas principais. 1) Apesar da democratização do acesso à escola - 97% das crianças de 7 a 14 anos estão no Ensino Fundamental - ainda não houve a democratização da permanência. O nível de evasão escolar, ou, como diria Paulo Freire, de expulsão escolar, é muito alto. Mesmo a democratização do acesso ainda não chegou à Educação Infantil nem ao Ensino Médio. A Educação básica é um direito subjetivo constitucional, tem de ser oferecida em seu conjunto. É alta também a distorção idade-série, ou seja, muitos alunos não estão na série correspondente à sua idade. 2) A comunidade escolar (pais, alunos, professores e funcionários) precisa se apropriar do trabalho pedagógico como protagonista, não apenas como expectadora. Isso ainda é raro. 3) A qualidade do ensino tem de melhorar e ascender a uma sólida base científica, de formação de cidadania e de solidariedade social. Isso exige um contrato de condições de trabalho diferente para os educadores e um sistema nacional de formação docente, que, aliás, está sendo organizado pelo Ministério da Educação. 4) Cerca de 10% dos adultos brasileiros adultos são analfabetos. É uma vergonha para um país que é a 10ª economia do planeta.

2 - Investimos pouco em Educação?
Mario Segio Cortella:
Sim. As questões que listei como problemáticas na Educação não dependem apenas do orçamento, mas dependem dele também. Se não chegarmos a 2020 investindo pelo menos 7% do PIB não conseguiremos vencer essas barreiras. Nós estamos em um patamar de mais ou menos 4,2% do PIB, o que equivale ao investimento de países de primeiro mundo, mas eles estão em velocidade de cruzeiro, precisam de recursos para a manutenção. Nós precisamos de arranque.

3 - A progressão continuada é um bom caminho para resolver o problema da distorção idade-série e promover a democratização da permanência?
Mario Sergio Cortella:
Sim, mas não como está hoje. Defendo a progressão em forma de ciclos, não aquela que pode ser identificada como aprovação automática. A Lei de Diretrizes e Bases estabeleceu dois ciclos no Ensino Fundamental - de 1ª a 4ª e de 5ª a 8ª. Agora, com o EF de 9 anos, torna-se mais necessário trabalhar com o mínimo de 3 ciclos, de 3 anos cada. A finalidade da progressão continuada não é de facilitar a aprovação, mas sim de dificultar a reprovação burra, que acontece por falha da estrutura da escola. No Brasil, a seriação produz mais desalento do que efetividade. Quando havia estrutura seriada em todas as redes, não se percebia que as crianças chegavam à 8ª série sem estar alfabetizados direito, porque elas simplesmente não chegavam até lá. O sistema praticamente expelia o aluno. Com a progressão continuada, a criança com defasagem pelo menos é vista.

Leia a entrevista inteira.