Por Vanessa Prata
Muito se fala sobre a queda na qualidade de ensino
e na dificuldade cada vez maior que os alunos têm para escrever e até mesmo para
entender o que o leem. Segundo dados do Inaf (Indicador de Alfabetismo
Funcional), divulgados em julho de 2012, o número de analfabetos funcionais
totaliza 20% dos brasileiros entre 15 e 49 anos.
Em outra pesquisa divulgada
em janeiro deste ano, dados do Target Group Index, do IBOPE Media, apontam que
apenas 33% dos brasileiros leram algum livro nos 30 dias anteriores à pesquisa.
Em relação às faixas etárias, as pessoas de 25 a 34 anos são as que mais leem
(22%), seguidas dos que têm entre 35 e 44 anos (18%). Já a porcentagem de
leitores entre os jovens é um pouco menor: 19% entre aqueles de 12 a 19 anos e
11% entre os que têm de 20 a 24 anos.
Como educadores temos que ao
menos tentar mudar essa situação, especialmente em relação às crianças e aos
jovens. Claro que os pais têm um papel fundamental de estimular o hábito de
leitura em seus filhos desde cedo, mas os professores também devem fazer sua
parte. Em primeiro lugar, educadores devem dar o exemplo sendo leitores ávidos.
Particularmente, acho inadmissível um professor que afirma não gostar de ler ou
que “não tem tempo”. Por mais atribuladas que sejam nossas agendas, se não
encontramos tempo para ler, nos atualizar, como podemos esperar isso dos alunos?
E será que não temos tempo mesmo ou apenas priorizamos outras atividades, como
assistir à televisão, navegar no Facebook ou passear no shopping?
Em segundo lugar, a leitura
deve ser estimulada como um prazer, e não apenas como obrigação. Não concordo,
por exemplo, com as fatídicas “provas do livro” que muitos tivemos que fazer
durante o ensino fundamental e médio. Acredito que outras atividades poderiam
ser propostas em sala para avaliar a leitura, como debates, cartazes,
representação de cenas ou simplesmente pedir que os alunos compartilhem o que
acharam interessante de cada livro lido.
Além disso, todos devemos
buscar e oferecer alternativas a um problema real: o preço dos livros no país.
Também acho que o livro é caro e eu mesma não compro tantos quanto gostaria, o
que não significa que não esteja sempre lendo algo. Ao menos nas grandes
cidades, há inúmeras bibliotecas públicas ou unidades do SESC que também
oferecem bibliotecas. O metrô de São Paulo tem o projeto Embarque na Leitura,
com empréstimo de livros aos usuários. Muitas bancas de jornais e revistas
também vendem livros geralmente a preços mais populares. Na capital paulista
há ainda diversas feiras de troca do livro, eventos gratuitos em que basta levar
um livro que você já leu e trocar por outro (vale gibi também). Sem contar que
uma quantidade enorme de livros já é de domínio público e está disponível
gratuitamente na internet para download. E, claro, sempre podemos compartilhar
livros com nossos amigos e colegas, emprestando o que já lemos e pegando
emprestando outro exemplar. Enfim, opções não faltam para quem realmente está a
fim de ler sem gastar muito.
Em tempo, acabo de ler A
mulher do próximo, do jornalista americano Gay Talese, que peguei emprestado
de uma amiga, estou lendo Entornos & Contornos, coletânea de textos
de uma rede de ensino de idiomas, que recebi pelo correio gratuitamente por já
ter dado aula nessa escola, e na sequência estão me esperando Neuromancer
e A Cabana, que troquei na feira do livro da Casa das Rosas, em São
Paulo, há cerca de duas semanas.
Para
saber mais: http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/Inaf-aponta-o-perfil-do-analfabeto-funcional-brasileiro.aspx