domingo, 24 de julho de 2011

Entrevista - Cláudia Cotes


Matéria do Guia Prático para Professores de Ensino Fundamental I:

Pode falar!

Identificar e tratar precocemente distúrbios de fala dos alunos é fundamental para aumentar a autoestima das crianças e evitar problemas mais sérios

Por Vanessa Prata

Cláudia Cotes é doutora em Linguística, mestre em Fonoaudiologia e autora de mais de dez livros infantis na área da inclusão da criança com deficiência. É ainda Presidente da ONG Vez da Voz, que busca a inclusão de pessoas com deficiência, e criadora do Telelibras, o primeiro telejornal inclusivo da Internet brasileira. Em 2009, foi finalista do Prêmio Empreendedor Social. Veja na entrevista a seguir as sugestões de Cláudia para identificar e tratar problemas de fala dos alunos.
Como os professores podem identificar problemas de fala nas crianças e como ajudá-las?
Cláudia —
Os problemas de fala são facilmente identificados, basta ouvirmos um som diferente do que há na língua portuguesa. Até 3 ou 4 anos, a criança está formando a fala, então é comum haver algumas trocas de sons, mas depois disso já é hora de procurar um profissional. Os professores também podem e devem obter assessorias com fonoaudiólogos. Devem sempre falar de frente para os alunos, articular bem as palavras, contar histórias, músicas e promover desafios com os sons da língua, como os exercícios de travalíngua. Caso a criança tenha dificuldade frequente na fala, a indicação é uma avaliação fonoaudiológica.

Quais os problemas de fala mais recorrentes nas crianças?
Cláudia —
Um dos problemas mais frequentes é a criança que troca letras ou que omite alguns sons, como pato no lugar de prato. Outro problema é a disfonia, ou rouquidão, em crianças que gritam muito no recreio ou em atividades esportivas e apresentam falhas na voz ou rouquidão contínua. Depois de 15 dias de rouquidão, certamente haverá um problema nas pregas vocais. É indicado procurar um otorrino e fazer um exame que se chama laringoscopia. Em ambos os casos, a indicação é tratamento ou orientação com fonoaudiólogo.

Como orientar os pais e como identificar os problemas que precisam de tratamento e os que são apenas “uma fase” do desenvolvimento da criança?
Cláudia —
Os pais precisam olhar nos olhos das crianças e conversar, cantar, perguntar as opiniões delas sobre diferentes assuntos, para estimular a linguagem. Em frente da TV ou do computador, a criança tem uma postura passiva e pouco se desenvolve. Na minha opinião, o melhor lugar para desenvolver a linguagem infantil é na escola. Havendo qualquer dúvida quanto à fala da criança, é bom procurar um fonoaudiólogo, pois somente esse profissional será capaz de avaliar se é algo passageiro ou se há necessidade de uma orientação mais específica para pais e professores.

Como proteger do bullying crianças que apresentam gagueira, voz fanhosa ou outra disfunção na fala?
Cláudia —
Tudo o que é diferente causa estranhamento, tanto nas crianças quanto nos adultos, mas devemos ensinar que é justamente na diversidade que somos melhores, porque nos completamos. Qualquer alteração na fala deve ser vista com atenção e acompanhamento, e lidar abertamente com o problema é a melhor saída para os conflitos. Professores e pais são responsáveis pela construção da autoestima da criança, e elogios e afetividade são as chaves para uma educação de sucesso.

Confira a entrevista completa no site.


Dica esperta!
Conheça o Telelibras, primeiro telejornal inclusivo da internet brasileira, no site www.vezdavoz.com.br