Dinheiro dá em árvore? Contrariando o ditado popular, o escritor, professor universitário e palestrante Junior Portare acredita que dá, sim!
Muitos professores de idiomas são autônomos, seja dando aulas particulares ou trabalhando para escolas nas quais ganham por hora-aula, não tendo um salário fixo mensal. Como esses profissionais devem se programar financeiramente para se manter nos meses em que ganham menos, como nas férias, por exemplo?
Mas não adianta sair plantando notas de real, dólar ou euro por aí, a "sacada" para ter mais dinheiro é uma mudança de comportamento. Confira as dicas do autor de Dinheiro dá em Árvore nesta entrevista exclusiva para os professores-leitores do blog (e todos os leitores em geral, claro!).
Muitos professores de idiomas são autônomos, seja dando aulas particulares ou trabalhando para escolas nas quais ganham por hora-aula, não tendo um salário fixo mensal. Como esses profissionais devem se programar financeiramente para se manter nos meses em que ganham menos, como nas férias, por exemplo?
Portare - As despesas são anuais mesmo que a maior parte delas seja paga mensalmente, portanto você deve considerar sua renda anual também. O que faço como professor é me preparar anualmente, ou seja, levanto minhas receitas previstas para todo o ano e as despesas para todo o ano igualmente. Em seguido, monitoro o mês que sobra e guarda SISTEMATICAMENTE a diferença. Assim no momento, digamos, de sazonalidade, tenho uma reserva para pagar as contas.
Em seu livro, você sugere que as pessoas busquem novas fontes de renda, além do emprego "oficial". Uma das ideias é justamente dar aulas. No caso de um professor, cuja atividade principal já é essa, o que mais ele poderia fazer para ter uma renda "extra"?
Portare - Realmente em minhas palestras sugiro que as pessoas que tenham fluência em outro idioma deem aula como renda extra. Para os professores de idiomas, gostaria de sugerir que também tivessem sua renda extra. Dou aulas sazonais na FGV (Fundação Getúlio Vargas) e tenho outras fontes de renda. Escrevo livros, dou palestras, tenho uma empresa de maletas e mochilas para notebooks. São pequenas rendas que juntas garantem meu sustento sem sustos na época de sazonalidade. Pense nisso. Pode ser interessante utilizar seus dons e talentos para fazer mais renda. Todas as pessoas tem um potencial interno que pode ser melhorado. Precisam apenas de um bom motivo para isso. E um bom motivo pode ser um objetivo financeiro.
Que exemplos práticos você pode citar de "renda extra"?
Portare - Conheci um dono de uma empresa de segurança e saúde no trabalho que ganha R$ 10.000 por mês vendendo produtos cosméticos e de saúde. Ele tem a renda extra maior que o pró-labore. Conheci há muitos anos uma senhora que vendia cachorro quente na USP (Universidade de São Paulo) e possui 11 imóveis alugados. Uma faxineira em Sergipe vendia livros de porta em porta nas horas vagas e hoje é dona de uma editora e tem duas empregadas. Estes são pequenos exemplos de que sempre existe uma possibilidade de renda extra quando se tem um motivo. E este motivo varia de pessoa para pessoa, de acordo com os seus valores. Crie seu motivo e as coisas mudarão para melhor.
Na média nacional, sabemos que o salário de professores é baixo. Mesmo assim, esses profissionais podem "melhorar de vida"? Como? Como fazer o salário render mais, mesmo que a maior parte seja usada para pagar as contas mensais, e não dívidas extras?
Portare - Só existem duas formas de se ter mais dinheiro: uma é aumentando a renda (maneira da qual sou entusiasta extremo) e a outra, diminuindo despesas. Para diminuir suas despesas, primeiro você deve conhecer intimamente seus números, quanto ganha ao longo do ano e quanto gasta. Investir em você mesmo com cursos por exemplo (preferencialmente, os gratuitos) é uma maneira de se destacar. Mesmo dando aulas e palestras pelo Brasil todo semanalmente e tendo, segundo meus pares, uma boa performance em palco, acabo de fazer um treinamento online sobre apresentação em público e vou repeti-lo assim que possível. Acredito e divulgo que devemos ser “marcas”, os melhores no que fazemos, assim, seremos reconhecidos e nunca faltarão oportunidades de crescimento pessoal, profissional e financeiro.
Você menciona no livro que o principal fator para termos mais dinheiro é uma mudança de comportamento, pois precisamos aprender a poupar. Comente rapidamente como funciona sua ideia da Meta 25.
Portare - Você deve viver com 75% do que ganha. Minha experiência tem mostrado que é possível, mesmo ganhando pouco e sazonalmente, poupar 10% da renda líquida, doar outros 10% e fazer uma “dívida de investimento” de mais 5%. Esta dívida seria um título de capitalização, um consórcio, uma previdência privada, qualquer compromisso que, se você parar, perde dinheiro. Só há uma forma da meta 25 dar errado em sua vida. É não começar agora.
Como avaliar o que seria o "consumo consciente" e quando há o exagero? Professores, por exemplo, tendem a gastar, ou "investir", muito em livros e cursos. Até onde o investimento na própria profissão é necessário ou supérfluo?
Portare - Livro e curso são absolutamente investimentos. No entanto, 75% das pessoas, segundo pesquisas, gastam mais do que ganham, infelizmente, nossa população foi programada para gastar. Assistimos todos os dias a uma tempestade publicitária nos incentivando a gastar. Quanto de anúncio você assiste lhe incentivando a poupar? Consumo consciente é um estilo de vida frugal do qual sou adepto e fã. Meu próximo livro abordará com profundidade este tema. Minha sugestão é de que as pessoas vivam com apenas o necessário. Não vejo sentido, por exemplo, em trocar de carro todo ano, de aparelho celular a cada seis meses, sair para jantar fora duas vezes por semana... e esta é a realidade de muita gente que não tem renda para isso. Consumir conscientemente não somente ajuda o planeta como ajuda nosso bolso.
Uma mensagem para os leitores do blog
Portare - Como professor, sei que nossa realidade não é das melhores. Mas deixo uma palavra de otimismo. Desejo que todos criem um motivo para guardar dinheiro e, assim, teremos uma geração de aposentados saudáveis e felizes. Descobri ao longo de minha jornada trabalhando com as mentes e o dinheiro que todos podem tê-lo sobrando independentemente de sua renda ou classe social. É necessário mudar apenas o comportamento! Só isso!