Confira mais um trecho de um artigo de Carla Miranda, especialista em Psicopedagogia pela Universidade Bandeirante de São Paulo e professora de Inglês e Espanhol em uma escola de idiomas na cidade de São Paulo.
Leia o artigo na íntegra.
Será que o uso puro e simples de um livro leva o aluno a assimilar e acomodar o conteúdo visto em sala de aula? Uma única metodologia utilizada por escolas de idiomas faz com que o aluno consiga aprender?
O professor de uma escola de idiomas deve adotar o material da instituição e aplicá-lo, conforme é treinado pela mesma. Mas será que uma aula 100% “mecanizada” dá resultado?
Para obter tal resposta, fui a campo e pesquisei com alunos de 7 a 40 anos – com níveis variados de conhecimento em inglês – e também professores para responder a tais perguntas.
Aos alunos foi perguntado se a atividade extra é importante para o processo de aprendizagem e a resposta sim foi unânime, pois os alunos sentem dificuldade devido ao fato de não colocar os conhecimentos adquiridos em prática em situações que condizem com a realidade. Os livros trazem situações estereotipadas e “enlatadas” que se tornam cansativas ao longo do tempo.
Além disso, a contextualização do vocabulário e estruturas gramaticais é primordial para a acomodação do conteúdo e alunos gostam de dinâmicas que saiam da rotina das aulas já planejadas, “engessadas”.
Dinâmicas diferenciadas e movimentadas estimulam o aluno e o resultado geralmente é bem melhor, alem de integrar o aluno ao grupo e professor.
É importante ressaltar que o professor às vezes quer inovar, porém torna-se refém da instituição, caso não haja liberdade de criação.
O fracasso escolar não deve ser atribuído exclusivamente ao professor. A opinião de professores e alunos converge em um ponto: professores veem resultado em atividades que envolvem filmes, músicas e talk shows e tais atividades são as que mais agradam aos alunos por envolverem o transporte do cotidiano para a sala de aula e o objetivo de passar o conteúdo previsto dos livros se dá com sucesso e de forma “disfarçada”, sem o uso do material tradicional e institucionalizado.
Vale citar que cada grupo de alunos é singular, bem como cada aluno, com objetivos e perfis diferentes, ou seja, o que é bom para um grupo pode não ser tão bom para o outro.
Contudo, a atividade não objetiva somente o aprendizado como foi supracitado, mas também - e muitas vezes primordialmente – a integração do grupo e ajudar o aluno mais introvertido a se sentir mais confortável, a sociabilizar-se.
Professores, nossos alunos devem sentir prazer em aprender, portanto, - como diz Sara Paín – “erotize” sua aula porque “...através do olhar, das modulações de voz e a veemência do gesto, canalizam o interesse e a paixão que o conhecimento significa para o outro. Esse prazer adicionado, pelo simples fato de uma exibição comprovada, significará esse ‘desejo do outro’ onde deverá ancorar o sujeito.”
Eis meu recado para nós, colegas de profissão: façamos de nosso ofício uma atividade que dê prazer a nós e aos alunos. Nosso prazer é ver os alunos – nossos pupilos – colocando em prática o que passamos a eles e o prazer deles é o de ser semelhante ao seu espelho, a nós.
Permitam-me adaptar a frase da pátria de chuteiras: coloquemos nossos corações na ponta do giz para proporcionar uma educação digna e efetiva da língua estrangeira.