segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Artigo - Por que é tão difícil escrever em Inglês

Confira meu quarto texto para o Blog da Disal:

Por que é tão difícil escrever em Inglês?

Por Vanessa Prata*

Basta pedir que os alunos façam uma redação para que os professores de Inglês (e de outros idiomas) ouçam inúmeras reclamações. Muitos estudantes acabam adiando a tarefa (alguns indefinidamente) e os que entregam a redação frequentemente apresentam um resultado abaixo do esperado, mesmo quando são participativos e têm boa performance oral. Por quê?

Em primeiro lugar, quem tem dificuldade de escrever em Inglês provavelmente também tem a mesma dificuldade em Português. O problema, portanto, não é escrever em Inglês, mas simplesmente escrever. Falta prática mesmo na língua nativa e, evidentemente, numa língua estrangeira o desafio é maior.

Em segundo lugar, grande parte dos alunos lê pouco e, assim, tem pouca bagagem cultural e pouco contato com a língua escrita, que é diferente da linguagem oral. Muitas expressões ou mesmo erros que são aceitos na linguagem oral, mais coloquial, tornam-se inaceitáveis na linguagem escrita, principalmente se for um texto mais formal.

Outro ponto é o fato de muitos alunos não conhecerem gêneros textuais, mesmo em Português, devido às deficiências de todo nosso sistema educacional, como bem sabemos. Dessa forma, eles tendem a escrever um e-mail para um amigo da mesma forma que escrevem uma carta de apresentação para um emprego, e o resultado, obviamente, não será o ideal. Ao receber as correções e perceber que seu texto não está adequado, o aluno se desmotiva ainda mais.

Além disso, mesmo os melhores alunos, muitas vezes, tendem a escrever primeiro em Português e depois “passar” para o Inglês, geralmente traduzindo palavra por palavra, o que costuma produzir um texto “Frankstein”, visto que muitas estruturas são diferentes em cada língua e a tradução palavra por palavra não leva em consideração expressões idiomáticas e colocações. Ao escrever em sua língua nativa, a tendência é que o aluno utilize estruturas e vocabulário muito mais elaborados do que o que ele conhece na língua-alvo, o que torna mais difícil a tarefa de traduzir do que escrever diretamente em Inglês.

O que fazer?

Muitas vezes é necessário começar do zero e ensinar coisas básicas, que não seriam nossa função como professores de Inglês. Coisas como o que é um parágrafo, quais são as principais regras de pontuação, como é o layout de uma carta e de um relatório, por exemplo, além de estilo formal e informal. Frases feitas e “linking words” também podem ajudar, além de mostrar modelos de textos e trabalhar com “process writing”. Para quem não conhece, esse tipo de atividade consiste em pedir que o aluno reescreva o mesmo texto algumas vezes (três, na média), após indicações do que deve ser corrigido, sem que o professor coloque a resposta correta. É preferível trabalhar bem um único texto num bimestre ou semestre, por exemplo, do que solicitar três ou quatro textos que serão mal feitos (ou nem serão escritos).

Aos alunos, cabe ler muito, reconhecer que escrever bem é uma questão de prática e “perder o medo da folha de papel em branco” (ou da tela do computador). As ideias sempre aparecem. Basta organização e dedicação para colocá-las de maneira adequada e coerente no papel.

"É a escrever mal que se aprende a escrever bem." – Samuel Johnson (1709-1784, escritor inglês)

“Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias.” - Pablo Neruda (1904-1973, escritor e poeta chileno)