APRENDENDO UM IDIOMA ESTRANGEIRO
Por Lígia Crispino, sócia-proprietária da Companhia de Idiomas
Existem muitas escolas que prometem métodos fáceis e rápidos de ensino de línguas para adultos. No entanto, pesquisadores garantem que, para a maioria das pessoas, é preciso dedicação e coragem de se arriscar a errar, pois esse tipo de aprendizagem requer a formação de novas redes neurais - o que demanda treino e tempo.
Quando vamos aprender um novo idioma, precisamos criar novos parâmetros de comunicação, pois não é só uma questão de usar palavras diferentes, mas, principalmente, estruturas diferentes. Se pegarmos o inglês como exemplo, os verbos são dependentes de auxiliares para expressarmos ações passadas, futuras e presentes. Isso não existe em português.
O cérebro, para economizar energia, gosta de trabalhar com o piloto automático ligado quase sempre. Aí reside o grande desafio, porque ele vai querer usar as estruturas automatizadas do português e os erros surgirão. O aluno precisa se desapegar da sua língua mãe, passar a buscar as diferenças entre ela e a língua estrangeira que pretende aprender e começar a criar outro piloto automático, este, por sua vez, desse idioma estrangeiro.
Além do desafio físico, existe o desafio emocional. Muitos adultos têm medo de se expor, de errar, causando bloqueios no processo de aprendizagem. No entanto, errar e ter experiências de insucesso é uma das maneiras mais rápidas de acelerar o aprendizado. Não cometer erros significa não tentar. Quem nunca tenta, nunca aprende.
Essa combinação de elementos culminará em erros, mas também em acertos! Os erros não são um impedimento para o aprendizado. Na verdade, eles são o caminho.
No inglês moderno, há duas palavras que vieram da história do poder pelas palavras no antigo Egito. Essas palavras são: spell (que significa soletrar, mas também enfeitiçar) e "glamour".
Na Renascença Europeia, época da Rainha Elizabeth I e das obras-primas de Shakespeare, um número considerável de pessoas não sabia ler nem escrever. A capacidade de ler e de escrever era vista com reverência pelas pessoas comuns: elas achavam que quem tinha essa habilidade participa de uma espécie de magia.
No século XVII, a língua usada pelos intelectuais era basicamente o latim. Escrevendo e falando essa língua, eles aumentavam seu poder social, econômico e político. Para unir as palavras, eles usavam o conceito místico de "gramática", "grammar" em inglês. A ideia de gramática era associada aos que tinham autoridade e poder. Com o passar do tempo, o primeiro "R" da palavra grammar foi se transformando em "L". Assim, a palavra grammar acabou se transformando em glamour, uma palavra usada hoje em várias línguas, aplicada a quem emana uma aura de poder, elegância e controle.
O fato é que as palavras nos enfeitiçam até hoje!
Portanto, é muito importante que um bom curso de idiomas foque em comunicação oral. Porém, não é possível deixar de lado a aquisição de estruturas gramaticais e vocabulário consistentes. A boa comunicação oral é baseada em vocabulário vasto e gramática, além de pronúncia com o mínimo de interferência do português.
Contudo, como escolher o curso mais adequado para o seu perfil e necessidades? Além de checar outras questões essenciais, como: número de alunos por sala, duração total do programa, livros utilizados. Faça a seguintes perguntas:
1) A escola promete eliminar totalmente as aulas de gramática?
Deconfie, pois as chances de sucesso são bastante duvidosas.
2) A conversação é priorizada?
É fundamental que seja, pois se a prática nem uma mochila cheia de teoria poderá ajudá-lo.
3) Qual a postura da escola e dos professores em relação aos erros cometidos pelos alunos?
A orientação deve ser nem 8 nem 80. Por quê? Há escolas que corrigem tudo, não deixam passar nada e estimulam os bloqueios de comunicação, pois o aluno é interrompido a cada erro que comete. Há outras que dizem que o ideal é não interromper o aluno, o importante é transmitir a mensagem. Ambos são extremistas. Há que haver um equilíbrio. A minha empresa, Companhia de Idiomas, tem uma metodologia própria e bem-sucedida na gestão dos erros. Verifique: http://www.companhiadeidiomas.com.br/.
4) O curso se concentra em um único tipo de aprendizagem?
O ideal é que não. Quanto mais variada for a aula, mais provável será a possibilidade de a pessoa descobrir a melhor forma de aprender. Além disso, o aluno não fica entediado.
Fonte de consulta: Livro O Poder da Inteligência Verbal; artigo Desafios do Idioma Estrangeiro da revista Mente e Cérebro.